sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Óbidos


Óbidos é um daqueles lugares em que se tem a impressão que o tempo parou. A cidade totalmente cercada por muralhas do século XIV exibe até hoje um ar medieval e é capaz de fazer com que o visitante se perca no tempo em meio as ruas de pedra e casinhas simples com flores nas janelas.

 
Óbidos cercada por muralhas

A melhor opção para se chegar na cidade, que fica a 80 Km de Lisboa, é utilizando ônibus. Para quem está de carro esta passa a ser a melhor opção, pois é fácil o acesso pela rodovia A8, sentido Leiria. Da rodoviária de Lisboa existem ônibus diretos para Óbidos, mas essa não é a única opção, pois Aline e eu fomos em uma linha até Caldas da Rainha e de lá tomamos outro ônibus para Óbidos. Tudo muito fácil. Mas atenção: Apesar de o trem (comboio) ser uma ótima opção para muitas cidades portuguesas, em Óbidos prefira o transporte rodoviário devido a distância da estação.


Descemos do ônibus em um ponto quase no portal de entrada da cidade, que cresceu um pouco por fora das muralhas nos últimos séculos. Próximo ao ponto pode-se observar os grandes arcos do aqueduto construído a mando da rainha D. Catarina da Austria, mulher de D. João III. O aqueduto possui 3 Km de extensão e abastecia a cidade no passado.

 
Antigo aqueduto que abastecia a cidade

Uma caminhada de alguns poucos metros nos leva até a Porta da Vila, com o Oratório de Nossa Senhora da Piedade, que marca a entrada principal da cidade desde o ano de 1380. O oratório revestido de azulejos é do século XVIII.

 
A Porta da Vila
 
Oratório de Nossa Senhora da Piedade


O vilarejo é bem pequeno possuindo uma rua principal que liga o portão ao castelo e diversas ruelas secundárias, com charmosos becos e oito portões de acesso.

 
Rua Direita

A Rua Direita é a rua comercial e onde estão as cafeterias, pastelarias, restaurantes e lojas que atraem os turistas com seus produtos locais. Entre as especialidades do lugar a que mais chama a atenção são as banquinhas e lojas vendendo a Ginginha, um licor feito com a ginga (fruta típica da região). A dose do licor é vendida a 1 € e servida em um copinho de chocolate, que deve ser devorado após a degustação da bebida. Aline adorou a bebida e no fim nos arrependemos de não trazer uma garrafa!

 
A charmosa Rua Direita onde estão as lojas e restaurantes

Seguindo pela Rua Direita chega-se a Praça de Santa Maria, diante da qual encontra-se um pelourinho decorado com o brasão real e uma rede de pesca em alto-relevo, emblema de Dona Leonor em homenagem aos pescadores que resgataram o corpo de seu filho após um afogamento. Na parede abaixo do pelourinho está a antiga fonte que abastecia a cidade com as águas que chegavam pelo aqueduto.

 
Pelourinho

Fonte sob o Pelourinho


Na praça está a Igreja de Santa Maria construída por D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, no mesmo local onde ficava uma mesquita moura. Foi neste local onde em 1441 o futuro Rei Afonso V casou-se com sua prima Isabel, que na época tinha apenas 8 anos de idade :-o . Mas calma porque o próprio Afonso tinha apenas 10 anos no seu casamento (apressadinhos eles, não?).

 
Igreja de Santa Maria

O interior da igreja é lindo e simples ao mesmo tempo, com paredes revestidas de azulejos do século XVII. Chama a atenção o túmulo de Dom João de Noronha que foi alcaide da cidade no século XVI e uma pintura de Josefa de Óbidos.

Interior da igreja com seus azulejos do século XVII

Túmulo de D. João de Noronha

Toda a vila, com suas ruas, casas e becos, é muito fotogênica e vale explorar cada espaço com calma. A cidade pode ser visitada em roteiros de agências que percorrem também Fátima e Batalha no mesmo dia. Alguns vão dizer que não há muito o quer fazer em Óbidos e recomendar apenas duas horinhas por lá para ver tudo.




A cidade é linda em todas as direções e sempre se encontra boas paisagens em Óbidos


Não vou discordar de que se pode conhecer a cidade em pouco tempo e nem vou dizer para não fazer os pacotes com Fátima, mas se posso deixar um conselho é de que vale a pena visitar a vila com calma para “viver o lugar”.






Aline e eu fomos com calma e reservamos o dia para vagar pelo pequenino vilarejo. Escolhemos um restaurante para almoçar e comemos o típico Bacalhau ao Brás português.

 
Bacalhau ao Brás: Prato típico

Sentados à mesa observávamos os turistas que chegavam e passavam como ondas no mar, em grupos grandes que apareciam rua abaixo em turbas e em pouco tempo iam embora nos ônibus de excursão. Como não estávamos presos ao tempo ficamos como bons mochileiros admirando as nuvens que passavam e esfriavam o dia, tampando o sol e os momentos desertos que a rua apresentava entre cada “onda” de turistas consumidores de bugigangas.


A rua principal alterna momentos de lotação com a calma entre ondas de turistas
Uma breve caminhada pelas ruas e chega-se ao Largo de São Pedro, onde está a igreja de mesmo nome e que marca o local onde esteve a necrópole da vila entre os séculos XIII e XVIII. A igreja foi edificada no século XIII e restaurada após o grande terremoto de 1755 e hoje abriga o túmulo de Josefa de Óbidos, uma grande pintora espanhola que fez carreira vivendo na vila. É dela o retábulo pintado no coro da Igreja de Santa Maria.

Igreja de São Pedro

Diante da Igreja de São Pedro, ainda na praça, está a Capela de São Martinho edificada em 1331 e ao lado encontra-se um casarão do século XVI, conhecido como “Paço da Vigararia”, que serviu de casa paroquial por um longo tempo.

 
Capela de São Martinho

Casarão do Paço

No fim da Rua Direita está o imponente Castelo de Óbidos, onde hoje funciona uma encantadora pousada (fora de qualquer padrão mochileiro). O castelo mouro foi reconstruído pelo Rei Afonso Henriques após a tomada do território em 1148.

 
Castelo de Óbidos
 
Entrada da pousada que funciona no castelo


Junto ao castelo está uma livraria montada na antiga Igreja de São Tiago. A igreja que foi destruída pelo terremoto de 1755 e reconstruída anos mais tarde, hoje abriga a Livraria Santiago e admito que achei curioso, mas estranho. Livros expostos no local do antigo altar e junto às colunas destinadas as imagens no passado... Sinal dos tempos que me fez lembrar que eu não estava no século XVIII.

 
Antiga Igreja de São Tiago: Atual livraria
 
Livraria São Tiago


Aconselho subir nas muralhas da cidade para uma volta. Nós subimos junto ao Castelo e seguimos caminhando pelo muro de pedra admirando as casas abaixo e a paisagem do lado de fora da fortificação.

 
Muralhas que cercam completamente a cidade até hoje

Uma curiosidade sobre o lugar é que a Vila de Óbidos estava entre os presentes de casamento que o Rei Diniz deu a sua esposa, Isabel de Aragão, quando se casaram em 1282.

Aline e eu nas muralhas da cidade


É possível dar a volta completa na cidade, pois a muralha está inteira até os dias de hoje

Fizemos a volta completa na cidade pelo Caminho da Sentinela no alto da muralha, andando com a seteira de um lado e os telhados das casas sob o vão livre da muralha do outro lado.





Do alto de uma torre da muralha se pode ver o Santuário do Senhor da Pedra, construído em 1740 em um plano hexagonal no estilo barroco, fora dos muros da cidadela.

 
Santuário do Senhor da Pedra fora dos muros de Óbidos

Aconselho caminhar entre as ruelas da vila e não apenas na rua principal. Foi o que fizemos depois de descermos da muralha, quando retornamos para a saída principal. Você descobrirá muitos trechos de importância histórica como a antiga Porta do Vale, que foi erguida com um oratório dedicado a vitória no cerco da cidade no ano de 1246. Hoje no local encontra-se um oratório de Nossa Senhora das Graças, em pedra lavada de 1722 que aparenta ser uma verdadeira igreja dentro do portal de entrada e que foi erguido em memória de uma tragédia de amor de uma jovem que se apaixonou por um morador de Óbidos.

 

Porta do Vale

Oratório de Nossa Senhora das Graças


A cidadela possui muitas histórias e para quem tem tempo aconselho visitar o Museu Municipal, onde estão as obras de Josefa de Óbidos, na Rua Direita.


Gastos para 2 pessoas em Março de 2015:

- Metro Lisboa (para o terminal rodoviário): € 2,80
- Passagens de ônibus: Lisboa X Caldas da Rainha (ida e volta): € 28,60
- Passagens de ônibus: Caldas da Rainha X Óbidos (ida e volta): € 7,20
- Almoço: € 23,70
- Ginja: € 1,00
- Doces: € 5,30
- Metro Lisboa (para o centro): € 2,80

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